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O que podemos aprender com Neemias?

Se compadecer a ponto de orar e orar a ponto de agir – Aprenda com Neemias

Já é clichê dizer que estamos na era da informação. Mais clichê ainda afirmar que podemos saber o que está acontecendo do outro lado do mundo em uma pequena tela na palma de nossas mãos. Clichê ou não, somos bombardeados de informações o tempo todo. Por um lado essa realidade nos torna conectados com a situação de milhares de pessoas, por outro, ela tende a nos tornar insensíveis e inoperantes.

Quantas vezes você já ligou sua televisão e se deparou com as reportagens de um deslizamento de terra em uma comunidade do Rio de Janeiro? Ou abriu um site de notícias para descobrir o andamento da guerra na Ucrânia e a contagem imparável do número de mortos e desabrigados? Ou mesmo conferiu seu Instagram e passou pelos stories de uma campanha para arrecadação de alimentos e agasalhos para pessoas em estado de miséria? Tenho certeza que, como eu, muitas vezes. No entanto, entre essas muitas situações diante da dificuldade de outros, quantas vezes você se compadeceu, orou ou fez algo a respeito? Tenho certeza que, como eu, pouquíssimas vezes.

Somos expostos diariamente a tantos cenários de carência, violência, tristeza e pobreza que acabamos nos acostumando com a miséria humana. Nos tornamos meros espectadores do sofrimento alheio, ele chega aos nossos olhos, mas não desce ao nosso coração, não sobe aos céus em oração e muito menos movimenta nossas mãos. De que vale estar bem informado, mas indiferente? Vale muito pouco.

A Bíblia nos conta a história de um homem que não se contentou em se informar sobre o sofrimento, ele fez algo a respeito. Seu nome é Neemias, o copeiro do rei da Pérsia. Sua história nos é narrada no livro do Antigo Testamento que leva o seu nome e é um grande exemplo para mim e para você.

A situação daquele judeu exilado em terra estrangeira não era nem de longe a das piores. Ele ocupava um alto cargo no império que lhe proporcionava estar em contato direto com a pessoa mais importante do mundo naqueles dias. Sem dúvida ele dispunha de muitas regalias e um bom pagamento. Vivia em uma ótima cidade e desfrutava de bastante segurança para si e para sua família. Neemias estava muito bem, obrigado.

Porém, tudo mudou ao receber um parente que vinha de uma longa viagem. Hanani, seu irmão que tinha vindo de Judá, lhe informou sobre a triste situação em que vivia o povo de Deus na terra prometida. Ele lhe disse as seguinte palavras:

“Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província, passam por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo”. – Neemias 1:3

Todo conforto do palácio de Susã não foi suficiente para amortecer o coração de Neemias. Ao tomar conhecimento da situação de seus irmãos, de sua terra natal e, principalmente, do estado da obra de Senhor, aquele homem se compadeceu profundamente. Não era o patriotismo de Neemias que estava em questão, mas sim a glória de Deus. Os muros de Jerusalém derrubados significavam que seu povo estava sujeito ao ataque e humilhação constante de seus inimigos. Como se cumpririam as promessas de Deus sobre seu povo? Como os sacerdotes e levitas ministrariam diante do altar? O que as outras nações falariam sobre o Deus de Israel se sua cidade estivesse desguarnecida? Tudo isso tirou a paz daquele judeu a ponto de ele não comer nem beber (Ne 1.4).

Será que o conforto da vida que levamos nos tornou insensíveis? Se ouvimos sobre a alarmante situação da igreja afegã debaixo do regime do Talibã da mesma maneira que ouvimos sobre a queda de um time para a série B, um alerta vermelho precisa acender em nossa consciência. No entanto, compaixão por compaixão não basta. Cinco minutos no Twitter e veremos milhões de pessoas profundamente indignadas com inúmeras situações do mundo, mas completamente inertes a qualquer uma delas. Precisamos ir um pouco além. Precisamos clamar.

Neemias, movido por profunda comoção, recorre ao meio mais eficaz conhecido pelo homem, a oração. Ele clama ao seu Senhor e Deus de seus pais. Sua intercessão é banhada de reverência, admiração, temor, adoração e conhecimento das promessas de Deus. Por saber o que o Altíssimo havia feito no passado, ele conhece o seu caráter e a fidelidade indestrutível de suas palavras. Ele ora em concordância com tudo que o Senhor havia prometido. Ele permanece diante de Deus pelo seu povo (Ne 1.5-11).

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A compaixão eficaz nos leva aos joelhos. Se algo realmente mexe com nosso coração, deveria preencher nossa intercessão. O problema é que, muitas vezes, nossa vida de oração é rasa porque não conhecemos a história de Deus e tudo aquilo que ele prometeu em sua Palavra. Se sabemos o que o Pai fez no passado, não duvidamos do que Ele pode fazer no presente, e confiamos em seu agir no futuro. A oração jamais será o último recurso. Ela é o recurso principal e mais efetivo; é o que realmente pode fazer a diferença. Nos importamos a ponto de orar? Este é um bom termômetro para a temperatura do nosso coração.

Após ter derramado sua alma diante de Deus, Neemias levanta seu rosto do pó e vai fazer algo a respeito. Ele se enche de confiança no Senhor, pede recursos para o rei da Pérsia arriscando seu cargo e até mesmo sua vida e parte para se envolver diretamente com a reconstrução dos muros de Jerusalém. Ele vai pôr a mão na massa e ser parte da solução, custe o que custar (Ne 2).

“Não basta oração, tem de haver ação”, afirmam alguns. Eu, no entanto, desafio: me mostre alguém que realmente intercede constantemente por uma causa e que não venha a se envolver com ela. Orar nos leva, inevitavelmente, a agir. Quando oramos não estamos informando a Deus sobre uma situação que ele desconhece, mas entrando em sua presença e alinhando nossa forma de pensar à dele. E Ele, sem dúvida, não está parado.  Orar nos movimenta.

Creio que sempre podemos cooperar com aquilo pelo qual clamamos. Nem todos nós iremos pregar o evangelho aos ribeirinhos, mas podemos incentivar e abençoar os que o fazem. Não será cada crente que trabalhará em uma casa de acolhimento para crianças em situação de vulnerabilidade, mas podemos doar um pacote de leite em pó para os que trabalham. Não serão todas as igrejas que plantarão congregações no Piauí, o Estado menos evangelizado no Brasil, mas podemos contribuir com as que plantam. Ou, talvez não, podemos não ser chamados para apenas contribuir com o pouco que temos em mãos, podemos ser vocacionados a ir e ofertar nossas próprias mãos. Você e eu podemos, sem dúvida, fazer parte da obra de Deus de alguma maneira.

Porque Neemias se compadeceu, orou e agiu, anos depois dele, veio um líder muito melhor do que ele, que adentrou os muros de Jerusalém aclamado como Rei dos rei e Senhor dos senhores. Jesus, aquele que “abriu mão de sua glória” para fazer a vontade do Pai, nos dá o maior exemplo de compaixão, oração e ação (Fp 2. 5-11). Sigamos ele (Hb 13.13)!

Que aquilo que Deus permite que chegue aos nossos olhos e ouvidos comova nosso coração, nos leve aos joelhos e custe algo para nossas mãos. Nos é dada a oportunidade de ter o privilégio de fazer parte da edificação da casa de Deus entre os povos. Que o conforto e a abundância não nos sirva de tropeço, mas de recurso para cooperar.

Faça hoje parte da obra de Deus. Clique aqui e contribua com missões no sertão.

Por Leonardo Vieira – Missionário do Livres

Livres atua em missões contínuas e de curto prazo no sertão Piauí a fim de que muitas vidas sejam alcançadas, transformadas pelo conhecimento do profundo amor de Deus por suas vidas.