Devocional: Receber o reino é como ganhar uma bicicleta verde
O povo também estava trazendo criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Ao verem isto, os discípulos repreendiam os que as tinham trazido.
Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.
Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”.
Lucas 18:15-17
Aos 19 anos, resolvi que precisava de uma bicicleta. Eu pegava duas lotações para ir ao trabalho todas as manhãs e retornava nas mesmas duas conduções todas as noites. Por isso, tive uma brilhante ideia: comprar uma bike para ir ao trabalho. Na minha cabeça fazia o maior sentido, eu iria economizar nas passagens e, de lambuja, perder uns quilinhos.
Eu já tinha minha carteira de trabalho assinada desde os 16, estava acostumado a comprar minhas próprias coisas. Então, fui até minha poupança onde eu havia salvo, com muito suor, a “exorbitante” quantia de quinhentos reais. Eu não ganhava muito, mas guardava o que podia. Saquei minhas sofridas economias e comprei uma linda bicicleta vermelha de modelo caiçara.
Que bike era aquela! Acoplei luzes traseiras e dianteiras que a destacavam à noite. Nas aulas do meu curso técnico, ela era alvo dos elogios de quem a admirava presa pela corrente no bicicletário da escola. Eu tinha planos de instalar nela um alforje e, quem sabe, fazer uma viagem de longa distância pedalando por aí.
Aquela bicicleta foi um presente que dei a mim mesmo. A conquistei com muito esforço e economias. Fiz por merecer. Era minha porque trabalhei por ela. Poucos dias após a compra, fui atropelado. Sai ileso do acidente, mas ela não. Ela entortou a ponto de ficar inútil e tive de me desfazer da linda bike vermelha. Sofri por isso, mas não tinha outra alternativa.
Eu realmente gostava daquela bike. No entanto, aquela bicicleta vermelha não foi e jamais será minha bike preferida. Esse posto é ocupado por outra “magrela”, uma bicicleta verde que ganhei do meu pai quando criança.
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A BICLETA VERDE
Era um final de tarde quando fomos buscar a bicicleta em uma borracharia. Eu era pura empolgação, pois havia acabado de aprender a pedalar sem o auxílio das famigeradas rodinhas. Entramos na loja, e lá estava ela, a minha bike verde. O banco era alto pra mim, mas isso não era um problema. Possuía dezoito marchas das quais eu não sabia usar nenhuma. Fora pintada de um verde escuro e brilhava quando na luz do sol. Foi amor à primeira vista.
Eu amava aquela bicicleta. Não trabalhei por ela, não passei o ano juntando economias para poder comprá-la e, pra ser sincero, nem a merecia por ter sido um bom garoto ou coisa do tipo. Nada disso, ela foi um presente. A ganhei totalmente de graça. E o melhor de tudo, ganhei ela do meu pai.
Montei nela com um pouco de dificuldade, mas peguei o jeito. Então, eu e meu pai, cada um na sua bicicleta, pedalamos até a casa da minha avó. Na época aquele pareceu o percurso mais longo e empolgante do mundo. Essa lembrança, eu ali com meu pai passeando pela vila, fez dessa bike verde minha bicicleta preferida da vida.
Receber o Reino de Deus não é como comprar uma bicicleta vermelha
Receber o Reino de Deus não é como comprar uma bicicleta vermelha. Não o merecemos, não o conquistamos e nem o compramos através do suor de boas obras. Privações, sacrifícios ou mesmo o derramar do próprio sangue não nos leva até ele. Nada do que façamos pode nos tornar aptos para o Reino. A verdade é que qualquer um que pense o contrário ainda não o recebeu.
O Reino dos céus é como ganhar uma bicicleta verde. O Pai nos dá porque nos ama, e não porque somos bons o suficiente. É um presente, não há mérito da nossa parte. Foi Cristo quem trabalhou, sangrou e sofreu na cruz para nos dar o Reino. Cabe a nós, humildemente, como crianças, receber esse presente de braços abertos e olhos marejados.
Nada fizemos para entrar no Reino de Cristo. Ainda assim, o Pai nos convida a montar na bicicleta verde e a pedalar junto dele até sua casa. Felizes, sorridentes e alegres como crianças.
Por Leonardo Vieira – Missionário do Livres
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