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A páscoa e a fartura no Sertão

A páscoa e a fartura no sertão

“Pode arrochar! Não precisa ter vergonha”, nos dizia o Seu Valdeci. Já havíamos repetido três vezes e, acredite, nenhum de nós é modesto quando o assunto é comer, mesmo assim ainda havia comida para alimentar muita gente. Peixe frito, quibebe de abóbora, bode cozido, baião de dois, vinagrete, macarrão, macaxeira e farinha; uma típica mesa piauiense. Não poderia ser diferente, afinal, era o dia da Paixão de Cristo, dia de estar à mesa com quem se ama.

Aquela linda família do assentamento Serra Branca nos acolheu em sua casa para a refeição do feriado. Há mais de 2.500 quilômetros de nossos parentes, não precisamos celebrar sozinhos. A fartura não se restringia apenas a uma deliciosa refeição, mas estava presente nos sorrisos, nas histórias da vida e no compartilhar dos desafios superados. Estávamos juntos nos alegrando porque Jesus, o cordeiro de Deus, nos deu vida ao morrer em nosso lugar.

Como memorial da libertação da escravidão, o Senhor estabeleceu uma refeição que não poderia ser feita a sós. Todos os anos o povo deveria relembrar que o seu Deus os havia libertado de seu cativeiro e os guiado, exclusivamente por sua destra, para uma terra onde mana leite e mel. Em volta da mesa, pais e filhos, irmãos e vizinhos comiam o inocente cordeiro sacrificado que simbolizava a propiciação pelos seus pecados (Êx 12).

Páscoa após Páscoa, todo judeu deveria se lembrar que a salvação vem do Senhor, não por mérito de pessoa alguma, mas pela graça poderosa de Deus. Foi Ele que os tirou do Egito e os livrou sozinho do domínio do faraó. A morte do animal lhes anunciava: fomos poupados por causa de sangue inocente. Aquilo era uma sombra de algo muito mais tremendo que viria, uma libertação final e definitiva da verdadeira escravidão que oprime todas as pessoas.

Anos mais tarde, o que fora sinalizado por gerações, se revelou em carne e osso, Jesus de Nazaré. Na véspera de sua paixão ele se reuniu à mesa com seus amigos para compartilhar a refeição da Páscoa. Ali, cercado por aqueles que ele amou até o fim, o Senhor dividiu o pão e o vinho, os alimentos que simbolizam sua entrega na cruz, e tomou a ceia com os seus. A antiga celebração teve seu cumprimento e uma nova promessa foi revelada.

Jesus, o Cristo de Deus, derramou seu sangue na cruz no dia de Páscoa para destruir o domínio do pecado sobre todo aquele que crê. Três dias depois, ele ressuscitou dos mortos destruindo o poder da morte. Agora, toda vez que a família de Deus parte o pão e compartilha o vinho, ela anuncia a plena salvação no Senhor e aponta para uma outra refeição que em breve se dará: a festa no Reino dos céus (Mt 26.29).

Fartura não pode descrever aquilo que está prometido para o povo de Deus nas bodas do cordeiro. Naquele dia estarão à mesa pessoas de toda tribo, povo, língua e nação, todos aqueles que foram lavados pelo sangue do cordeiro Jesus, em indizível alegria, comerão e beberão olhando para a face de seu Senhor. Jamais houve ou haverá na terra banquete que possa se comparar ao que está preparado para a família de Deus (Is 25).

O que vivemos naquela Sexta-feira da Paixão na casa do Seu Valdeci foi apenas uma sombra do que virá. Paulistas, cariocas e nordestinos em volta de uma mesa farta celebrando o nome de Jesus. Se esse foi um dia inesquecível, imagine o que será a grande festa de Deus.

Faça desta Páscoa uma oportunidade para celebrar, acolher, relembrar e esperar. Pois em breve, em um piscar de olhos, estaremos à mesa com o Rei e todos aqueles que amam a sua vinda.

Feliz Páscoa!

Por Leonardo Vieira  – Missionário do Livres

Livres atua em missões contínuas e de curto prazo no sertão Piauí a fim de que muitas vidas sejam alcançadas, transformadas pelo conhecimento do profundo amor de Deus por suas vidas. Faça parte do avanço do evangelho no sertão, clique aqui.

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