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Os 3 valores do discípulo

Os 3 valores do discípulo – Ministração do pastor Daniel Cezario na Livres Church

Se o ministério de Jesus iniciasse hoje, onde ele te encontraria? Talvez em uma enfermaria após um longo turno. Quem sabe em uma linha de montagem depois de duras horas de trabalho ou em uma sala de aula, marcado de giz e carregando os deveres do dia.

 No caso dos primeiros discípulos, eles estavam pescando em uma manhã frustrante. No entanto, foi em um dia assim, como qualquer outro, que suas vidas mudaram para sempre. 

A história da pesca milagrosa e do convite ao discipulado dos primeiros apóstolos é tão importante que consta em todos os quatro evangelhos. Vamos nos ater ao relato de Mateus 4.17-22, mas, antes, precisamos compreender o que antecedeu ao fatídico dia da grande pesca. 

Quem eram aqueles homens antes de se tornarem discípulos de Jesus? Em seu livro O Discípulo Radical, John Stott afirma que uma das características daqueles que foram escolhidos por Jesus era a inconformidade; uma sede por algo a mais. Não à toa, alguns deles já eram seguidores de João Batista e esperavam a manifestação do Messias prometido. 

Marcos 1.14 narra a prisão de João sob o governo de Herodes. Sua mensagem sempre enfatizou uma transição; era a preparação de algo que estava por vir e seus discípulos sabiam disso. Por isso, quando Jesus iniciou seu ministério em Cafarnaum pregando o cumprimento da mensagem de João, aqueles homens logo se interessaram por ele. André, irmão de Pedro, e João eram parte desse grupo. 

André e João foram ao encontro de Jesus para lhe perguntar: “Mestre, onde o senhor está hospedado?” (Jo 1.38-39). A resposta de Jesus é reveladora para o discipulado, ele disse “venham e vejam”. Já naquele primeiro momento, Cristo lhes revelou algo da vocação do discípulo, que é estar perto do Mestre. Tudo indica que eles passaram algumas horas com Jesus em sua casa. Desde de antes do chamado já havia proximidade. 

É André que, após esse encontro com Cristo, apresenta o Senhor a seu irmão Simão. Jesus o apelida de Pedro (Jo 1.41-42). Podemos observar que antes do convite à vocação houve um primeiro contato entre Jesus e os discípulos. Conhecer e se relacionar com o Mestre é essencial para o discipulado. Somente depois desses fatos é que ocorre o episódio da nossa mensagem. 

No dia do chamado daqueles discípulos, Cristo pregava à beira do Mar da Galiléia para uma grande multidão que o comprimia. O Senhor pediu, então, o barco de Pedro emprestado para falar melhor ao povo. Ainda que Simão e seus parceiros houvessem passado toda a noite anterior trabalhando, ele não negou o pedido do Senhor. 

Após falar à multidão, Jesus fez um novo pedido a Pedro, que ele levasse seu barco novamente às águas e lançasse a rede para a pesca. Aqueles homens não eram pescadores inexperientes, eles conheciam toda a rotina da pesca e quais os melhores horários para pegar peixes. Eles passaram muito tempo sem apanhar nada. Mesmo assim obedeceram ao pedido de Cristo. E essa se mostraria a melhor decisão. 

Ao lançar as redes sob a palavra de Jesus, os pescadores apanharam tantos peixes que precisaram de outros barcos para recolhê-los. A pesca foi um grande milagre e o abundante resultado gerou verdadeira alegria naqueles homens. 

Diante de tudo aquilo, Pedro percebeu que não estava perante um homem comum. Ele reconheceu o seu próprio estado de pecador diante da santidade de Jesus. Foi neste momento de revelação que o Senhor fez o seu glorioso convite: “Venham comigo e eu vos farei pescadores de gente”. Este chamado possui uma grandeza de significado acerca de quem devemos ser como discípulos de Jesus. Iremos destacar três palavras que expressam essas características. 

1 – Presença 

O convite do Senhor, “venham comigo”, não é para um aprendizado remoto ou uma relação à distância. Cristo chama seus discípulos para caminharem com ele, para junto de si. Este é um valor essencial dos discípulos de Jesus: a presença. Apenas uma relação de proximidade e intimidade com Jesus pode ser chamada de discipulado. Como aprender com alguém sem estar perto? 

Algo chave que evidencia a presença de Jesus na vida de seus discípulos é a constância. Só pode ser discípulo de Jesus quem está constantemente em sua presença. Existem muitas distrações nos dias de hoje. Apenas a constância em estar na presença do Senhor pode nos manter em seu discipulado. Os discípulos são aqueles que valorizam a presença de Jesus. 

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2 – Obediência 

O propósito de Jesus na vida dos discípulos só se realizaria através da obediência. Há um processo no discipulado de Cristo, um “como” ele faria daqueles homens “pescadores de gente”. Podemos destacar 5 etapas desse processo no chamado daqueles homens: 

  1. Entrega das posses – A primeira parte do processo do Senhor com Pedro foi o pedido para o uso de seu barco. Aquele era o ganha pão de Simão. Era através dele que ele havia sustentado sua casa durante anos. Ainda assim, ele não deixou de ceder seu bem para o uso de Jesus. Ele entregou algo que era seu para que as palavras de Jesus chegassem aos outros. 
  2. Renúncia da perspicácia humana – Ainda que Pedro fosse um pescador experiente e habilidoso, ele foi humilde o suficiente para obedecer a ordem do Mestre de lançar as redes novamente. Ele poderia se ater a sua própria sabedoria e dizer que não havia jeito de pescar qualquer peixe. Mas ele obedeceu para além de sua perspicácia confiando na palavra de Cristo. 
  3. Fidelidade à Palavra de JesusEles não fizeram concessões ao pedido do Mestre, pelo contrário, foram diligentes em fazer exatamente o que lhes foi ordenado. O resultado dessa obediência foi um tremendo milagre não apenas na pesca milagrosa, mas também em seus corações. 
  4. Reconhecimento da identidade de JesusNão é possível obedecer a Jesus sem reconhecer quem ele realmente é. Diante de Cristo, Pedro percebeu que ele não era apenas mais um profeta ou um meio para suas bênçãos pessoais. Ele reconheceu a divindade em Jesus. É preciso crer em quem o Senhor verdadeiramente é: o Filho de Deus. 
  5. Noção do próprio estado de pecador – Ao reconhecer a identidade de Jesus, Pedro se vê diante de seu próprio pecado. Ele viu sua incapacidade em purificar a si mesmo. É necessário um profundo reconhecimento de nossa necessidade de salvação para então abraçar o discipulado.

3 – Alegria 

Em nossa vida profissional, ficamos felizes quando recebemos o salário de um mês trabalhado. O resultado do trabalho gera em nós alegria. É exatamente a alegria do resultado que Jesus propõe no discipulado. Como os pescadores ficam felizes após uma farta pesca, os discípulos de Jesus se alegram na salvação de vidas. 

O chamado do Senhor para sermos “pescadores de gente” é a certeza de tremenda alegria no resultado da salvação. Se os céus festejam constantemente por conta daqueles que são salvos, a felicidade proposta aos discípulos também é profunda e constante. O lucro dos pescadores de gente é a transformação de vidas através do evangelho de Jesus. 

O discipulado se dá na presença constante que leva a obediência gerando imensa alegria. Só há uma forma de responder ao convite de Cristo, como fizeram os discípulos, de maneira imediata, irrestrita e incondicional. É deixar tudo confiando na bendita palavra do Verbo da vida. É seguir a Jesus com a certeza do propósito eterno da salvação, tanto da nossa quanto a de muitos. 

Sejamos discípulos.