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Alcançando os quilombolas com o evangelho

Você sabe o que são as comunidades quilombolas e que há muito a aprender com suas histórias? A equipe Livres esteve com eles no último 21 de março no sul do Estado do Piauí, para que os quilombolas aprendessem lavar mãos corretamente. Uma medida em tempos de coronavírus, sim, mas de higienização para toda a vida. Estamos alcançando os quilombolas com o evangelho.

A visita foi à comunidade Contente, onde 5 voluntários realizaram um treinamento para 25 moradores quilombolas sobre como lavar as mãos corretamente e escovar os dentes.

Contudo, vamos antes aprender um pouco mais sobre os quilombolas? Os quilombos se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos que incluíram as fugas de escravos para terras livres e geralmente isoladas.

A liberdade foi conquistada também por meio de heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado e pela permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades.

Registram-se também casos de compra de terras tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua abolição. O que caracterizava o quilombo era a resistência e a conquista da autonomia. A formação dos quilombos representou o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Mesmo após o fim da escravidão os quilombos continuam existindo.

A existência de quilombos contemporâneos é uma realidade latino-americana. Estas comunidades são encontradas na Colômbia, Equador, Suriname, Honduras, Belize e Nicarágua. E em diversos desses países, como ocorre no Brasil, o direito às terras tradicionais é reconhecido na legislação nacional.

Os direitos das comunidades quilombolas também são assegurados na Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Brasil e por diversos países da América Latina.

Dados do governo brasileiro indicam que, hoje, existem 3.386 comunidades quilombolas distribuídas por todas as regiões do país, desde o Sul do Brasil até a Amazônia e especificamente no Estado do Piauí são 88.

Somente em 1988, 100 anos após a abolição da escravatura, a Constituição brasileira reconheceu, pela primeira vez, a existência e os direitos dos quilombos contemporâneos. A Constituição de 1988 assegurou às comunidades descendentes de quilombos o direito à propriedade de seus territórios coletivos.

No entanto, a efetivação do direito dos quilombolas às suas terras representa, até os dias atuais, um enorme desafio. A primeira titulação ocorreu sete anos após o reconhecimento pela Constituição Federal. Foi em novembro de 1995, quando o Quilombo Boa Vista se tornou proprietário de seu território.

A comunidade Contente é uma realidade. Vivem hoje cerca de 145 pessoas divididas em 51 famílias, uma curiosidade é que a maioria é composta por mulheres. A sobrevivência deles é, basicamente, da criação de animais. Elas ainda produzem de forma orgânica feijão, milho, melancia e abóbora.

O atendimento médico hospitalar é muito precário, hoje eles são atendidos por agentes de saúde que realizam campanhas sazonais no local. A comunidade Contente, infelizmente, também não dispõe da rede pública para o abastecimento de água. Para o treinamento realizado, elas trouxeram a água de um poço local.

A maioria das casas hoje dependem de cisternas e contam muitas vezes com as águas das chuvas para o abastecimento.

Instituto Livres tem um trabalho já muito forte no Estado do Piauí e nas comunidades Quilombolas. O alvo desta visita foram as crianças da comunidade: na dinâmica que fizemos de lavar as mãos, foram elas nossos maiores colaboradores! Pudemos as presentear com kits contendo uma escova de dente, gel dental e fio dental para a perfeita higiene da boca.

O motivo da dinâmica de lavar as mãos foi tentar ao máximo que o COVID-19 não atinja a comunidade. Isso seria uma catástrofe… muitas crianças e idosos, com certeza, morreriam devido ao precário atendimento de saúde, por isso, ensinamos conforme protocolos do Ministério da Saúde que devem:

– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Se
não houver água e sabão, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool;
– Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência;
– Manter os ambientes bem ventilados.

Tivemos também a oportunidade de ensinar e cantar louvores com a comunidade, podendo levar Palavras de encorajamento e as boas novas como forma de esperança por um amanhã melhor e livre. Ajude  o Livres a manter as missões no sertão! Seja um doador.

Por Eduardo Joppert, voluntário Livres no sertão

Fontes:
PENTEADO, Carlos. Comissão Pró-Índio de São Paulo. Quilombolas no Brasil. Disponível em: http://cpisp.org.br. Acesso em: 23 de março de 2020. Incra-PI. Combate racismo ambiental. Comunidade quilombola Contente (PI) tem
relatório técnico publicado. 28 de novembro de 2018. Disponível em: https://racismoambiental.net.br. Acesso em: 24 de março de 2020.

MURILO, José. Rede Comunidades Semi árido. As Comunidades. Julho de 2015. Disponível em: http://comunidadescoep.org.br. Acesso em: 24 de março de 2020. Fundação Cultural Palmares. Disponível em: http://www.palmares.gov.br. Acesso em: 23 de março de 2020.