A missão Livres no sertão teve início em 2013 e 2014 e, desde então, cremos que muitos frutos foram gerados e alguns avanços foram conquistados. O presidente do Livres, Juliano Son, fala em entrevista sobre os avanços da missão Livres desde que iniciaram os projetos no sertão.
Quero reforçar a importância da igreja estar junta nessa missão. Todos somos importantes para o cumprimento do IDE no sertão!
Quais avanços e resultados você considera que foram os mais importantes nesses anos?
Pergunta difícil de se responder. Mas vou citar alguns avanços e resultados que, na minha percepção, são muito importantes:
1. O despertamento da parte de amigos e de igrejas para a realidade do sertão nordestino;
2. O aumento da presença missionária na região (mas ainda falta muito para ser satisfatória);
3. As parcerias de dimensão pública como com a Defensoria da União e do Estado que nos acompanham trazendo soluções e empoderamento para uma população refém da falta de informação;
4. A implantação direta de 10 comunidades eclesiásticas;
5. As parcerias com importantes comunidades e organizações do Sudeste para a realização de ações conjuntas;
6. O entendimento do que o apóstolo João quis dizer em sua versão do Evangelho, no capítulo 21, quando escreveu que não seria possível registrar em todos os livros todas as maravilhas que o Senhor havia realizado no meio deles. São graciosamente numerosos os relatos de conversão, numerosos os sinais e maravilhas manifestos, as curas, as intervenções climáticas, as reconciliações. Da conversão de assassinos de aluguel a cura de paralíticos. Da multiplicação de cestas básicas a pessoas curadas na alma por terem recebido um abraço, algo que nunca haviam recebido;
7. A desconstrução do entendimento regional quanto ao significado do ser crente em Jesus Cristo, facilitando o avanço do Evangelho;
8. A edificação pessoal dos mais de 4 mil voluntários que participaram do Impacto;
9. E, no âmbito pessoal, a sensação do quanto tem valido a pena!
Após os dias de Impacto, qual é o relato dos voluntários que participam?
De forma geral, a impressão que se tem é que eles parecem relatar o mesmo júbilo dos 70 que haviam sido enviados pelo Senhor e retornavam após terem visto a glória de Deus. Muitos passam a reconhecer as necessidades missionárias e acabam se tornando parceiros de missionários locais. Alguns se tornam missionários. Mas um relato que ouvimos de forma repetitiva, para a nossa alegria e glória do Pai, é: “O Impacto mudou a minha vida. Foi um divisor de águas!”
E qual é o relato da população sobre as ações realizadas?
No início, a população nos recebia desconfiada. Nos confundiam com agentes públicos. Mas, hoje, o que vemos acontecendo é um engajamento local por parte dos moradores onde o Impacto passou. Ao ficarem sabendo onde será a próxima cidade, ligam avisando parentes e amigos para nos receberem de braços abertos, o que de fato acontece. Não é raro sermos recebidos nas casas com uma mesa feita, um café pronto para acompanhar a “prosa”, momento ideal para compartilharmos da vida, onde habita o Evangelho.
Voltando para uma das cidades, ouvi de alguns moradores dizendo que não havia um dia em que alguém não estivessem falando dos acontecimentos durante os dias do Impacto. E em outra, moradores diziam que o assunto de todos os grupos do Whatsapp eram os acontecimentos e o que estava sendo dito e feito pelos “amarelinhos”.
Algo que fala muito é o choro e o lamento generalizado que toma a praça central na celebração de despedida. Amarelinhos, crianças, adultos e idosos se abraçando e lamentando o final daqueles dias. Chegamos a presenciar, nesse contexto de homem “cabra macho”, homens adultos soluçando ao lamentar a partida dos amarelinhos, o que nos faz compreender as carências desse bravo e sofrido povo.
Existe algum tipo de acompanhamento depois que os dias de impacto acabam?
Sim. As cidades são escolhidas mediante o entendimento de que haverá uma continuidade por parceiros locais. Hoje, temos uma pequena equipe que presta serviço e apoio para esses parceiros, mas queremos poder fazer muito mais. Queremos mobilizar comunidades para esses cuidados e acompanhamentos. Queremos realizar mais retiros e conferências para fortalecer esses obreiros locais, além de outras ações que promovam o fortalecimento de tudo o que plantamos por meio do Impacto.
O estabelecimento dos missionários Livres em Paulistana também vai ampliar e fortalecer esse trabalho de acompanhamento, discipulado e evangelismo local.
Qual é o tipo de auxílio mais necessário – em recurso humano e material – para a realização dos impactos?
Quanto aos recursos humanos, atuamos em 5 principais áreas: saúde, crianças, visitas, construção e celebração.
A região é muito carente de auxílio na área da saúde e sabemos que o bem-estar físico era algo não ignorado pelo Senhor em seu ministério terreno. Ao evangelizar não deixava de dar atenção aos enfermos. Por isso, agentes da saúde são carecidos e muito bem-vindos nas ações do Impacto.
As crianças são as primeiras a corresponderem ao nosso chamado para juntos estarmos. Voluntários com chamado para trabalhar com estes a quem o Senhor disse pertencer o Reino dos céus são muito bem-vindos, também.
As visitas aos lares é a ação que gera mais testemunhos de salvação, curas e sinais. Os “amarelinhos” são incentivados a criarem relacionamentos e por meio deles compartilharem a vida em Cristo. Nesse compartilhar da vida em Cristo tudo se torna possível.
Espaços comunitários são construídos por voluntários da construção e doados aos missionários e pastores locais para facilitar o serviço à população local. E todas as noites, na praça central, acontecem as celebrações onde muitos da cidade participam e são ministrados pela música, dança, por uma peça teatral, pela pirofagia, pela Palavra e pela interação que acontece simultaneamente com os “amarelinhos” de Cristo.
Certamente cabem outras áreas de atuação além dessas cinco, mas elas dependem dos dons e talentos dos voluntários que vem de todas as partes do Brasil. Um procurador da república já treinou a rede pública local de ensino, médicos deram palestras, modelos falaram com a juventude, enfim, existe muito espaço para atuar e servir! “
Quanto aos recursos materiais, remédios são muito importantes, bíblias convencionais e em áudio, cestas básicas, material para as atividades com as crianças e adolescentes, material de construção, roupas etc.
Esses são alguns avanços da missão Livres no sertão e oportunidades daqueles que querem vivenciar uma missão de curto prazo, ou mesmo que, de repente, queiram se estabelecer em definitivo no sertão, para experimentarem, treinarem, amadurecerem, se renovarem!