Alguma solidão faz parte do ministério. Estar no campo missionário muitas vezes significa estar longe de familiares, amigos e irmãos e, sendo sincero, eles fazem falta. As pessoas que estavam com você em aniversários e velórios, casamentos e cultos, acampamentos e faxinas ficaram há centenas ou milhares de quilômetros de distância. A internet e os aplicativos ajudam, claro, mas não substituem o abraço e o calor daqueles que amamos.
As demandas da missão também produzem algum sentimento de solidão. Quando nos colocamos na posição de servos, estamos sempre consolando e ajudando alguém em suas dificuldades e nem sempre temos alguém presente para nos auxiliar em nossas próprias tribulações. Se alguém perde um familiar, estamos ali. Há uma pessoa deprimida, levamos uma palavra de consolação. Alguém fica doente, oramos pela sua cura. Outro precisa de um conselho, dividimos as direções das Escrituras. Alguém sofre, sofremos juntos. Mas, e quando o missionário sofre, chora ou adoece, ele está sozinho?
A resposta é, sem dúvida alguma, que não, não estamos sozinhos. É claro que o Senhor está presente em todos os momentos e permanecerá presente até o fim (Mt 28.20), mas, pela sua graça abundante e seus planos inescrutáveis, ele também nos cerca de pessoas para nos acompanharem e fortalecer nossa caminhada nas andanças da missão. E no mês de Maio, o Espírito nos mostrou de diversas formas que os missionários não estão sozinhos.
No início do mês, recebemos dois grandes amigos que vieram de São Paulo para passar alguns dias aqui no Piauí. Como foi bom estar com eles! Fizemos um churrasco (meio vegetariano meio carnívoro) juntos, rimos de piadas ruins, jogamos (ou tentamos, jogar) basquete, cantamos ao Pai, oramos uns pelos outros e nos edificamos mutuamente com a Palavra de Deus. Que dias especiais foram esses e como a companhia desses irmãos nos renovou. Deus sabe que precisamos dele, mas também sabe que precisamos uns dos outros.
Esses amigos vieram não apenas para nos visitar, mas também para um evento especial de Escuta Missionária aqui na cidade de Paulistana. Este encontro reuniu as missões e igrejas que tem atuado em diferentes regiões do sertão nordestino para o avanço do evangelho. Havia não apenas grandes organizações com trabalhos conceituados e bem consolidados, como também irmãos e irmãs que trabalham em pequenas cidades, povoados e comunidades servindo da melhor forma em suas regiões para glória de Deus.
Ver o trabalho incansável de muitos irmãos na transformação de vidas no sertão através do evangelho de Jesus foi uma experiência inesquecível para cada um de nós. Saber que o Espírito Santo tem direcionado centenas de pessoas para esta obra e que podemos contar e cooperar com cada uma delas, foi uma grande confirmação de que nenhum de nós precisa carregar seu fardo sozinho. A missão é de Deus e Ele a sustenta com trabalhadores de todos os cantos.
Encorajados e renovados por esses momentos de refrigério, colocamos as mãos na massa novamente. No mês de Maio, o mês das mães, promovemos dois eventos para as mulheres sertanejas. O primeiro foi para as mães das crianças do Livre Ser Sertão. Cada uma delas foi convidada para uma tarde especial no Espaço Livres. Através da liderança da missionária Julie, os missionários e voluntários prepararam uma linda decoração e um delicioso café da tarde para receber as mamães. Elas foram recebidas com muito amor, ouviram uma palestra sobre valorização e autocuidado, participaram de gincanas e ganharam muitos presentes. Foi sensacional!
Pela graça e provisão de Deus, este não foi o único evento do mês para as mulheres. Em parceria com a associação do povoado de Serra Vermelha, os amarelinhos promoveram o mesmo evento que havia acontecido na área urbana, agora na área rural com mais de cem mulheres nordestinas. Foi uma grande festa com direito a repentistas profissionais, brincadeiras, brindes e muita comida. Nenhuma mulher que esteve presente saiu dali sem saber o quanto era amada por Deus.
Cada acontecimento deste mês se revelou uma forma do Senhor nos mostrar que não estamos sozinhos. O próprio Deus que chama é o que envia, sustenta, fortalece, caminha junto de seus missionários e, ainda por cima, os cerca de amigos e amigas. Não se engane, você que lê hoje este diário é um destes amigos e faz parte dessa história.
Chegará o dia, e ele está muito próximo, em que nenhum de nós jamais sentiremos solidão. Estaremos todos juntos daqueles que amamos na cidade santa onde não existirão mais distâncias. Neste dia, qualquer sofrimento ou solidão terá valido a pena. Mas, até lá, precisamos continuar fortalecendo uns aos outros. Por isso, se envolva das formas que puder para viver também tudo o que Deus faz em sua missão!
Ore por um missionário hoje!
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