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Criatividade na Missão

CRIATIVIDADE NA MISSÃO: e tudo se fez novo!

Texto produzido por Raquel dos Santos Mangabeira, voluntária do grupo Livres Para Comunicar, em apoio ao Instituto Livres, com o tema: Criatividade na Missão.

            Quando se fala em missão, alguns termos vêm à nossa mente. Alguém poderia bradar: “pregação!”, enquanto outro apoiaria dizendo: “sim, do Evangelho!”, ao mesmo tempo que mais dois concordariam: “renúncia!”. Todas essas afirmações estão corretas e caracterizam, sim, uma vida em missão. Apesar disso, dificilmente alguém citaria a palavra “criatividade”. Será que ela é mesmo importante?

            Como já foi abordado aqui no blog pela minha xará e irmã em Cristo Raquel Campelo, quando recebemos a Cristo como Senhor e Salvador das nossas vidas, Ele planta em nosso coração um propósito e nos confia uma missão: pregar o Evangelho a todas as pessoas (Mc 16:15). Lê de novo… sim! A todas as pessoas! Pessoas de diferentes etnias, culturas e personalidades precisam ser alcançadas pela Palavra de Deus. Quando estudamos um pouquinho de Linguagem e Comunicação, percebemos que existe uma diferença enorme entre falar e comunicar. Quando somente falamos, não temos garantia de que a pessoa que nos escuta está entendendo o que estamos dizendo. Por outro lado, quando comunicamos uma informação de maneira correta, temos uma enorme chance de sermos compreendidos pelo outro. Nesse campo da comunicação, existe um fundamento chamado código. O código representa elementos como fala, imagens, gestos, escrita, e tudo mais que utilizamos para construir a nossa mensagem… Mas o que isso tem a ver com missão?

            Pessoas com culturas e personalidades diferentes irão entender a mesma mensagem de maneira diferente; isso acontece porque analisamos as informações que chegam a nós de acordo com o nosso conhecimento prévio. Visto que somos seres únicos em nossas histórias, experiências e percepções, temos formas diferentes de interpretar a mesma informação. Quando falamos de missão, não existe uma fórmula mágica. Você pode construir a melhor maneira de apresentar o Plano de Salvação, bolar a melhor abordagem e ter a melhor oratória, mas em algum momento essa mensagem não fará sentido para alguém. Para uns, comunicação; para outros, uma fala qualquer. Então como posso transmitir o Evangelho de maneira eficaz?” Resposta rápida: seja criativo!

            Deus é criador e criativo: do nada, Ele fez tudo! (Gn 1:1-2a). Em sua infinita bondade e graça, Ele permite e deseja que sejamos criativos também! Quando Deus criou os animais da terra e das águas e as aves dos céus, Ele deu a Adão o privilégio de dar nome a todos esses seres. A Bíblia diz que “cada ser vivo ficou com o nome que o homem lhe deu” (Gn 2:19); essa foi a primeira oportunidade de exercício de criatividade que Deus proporcionou ao ser humano. Desde então, Ele tem agraciado cada pessoa dessa terra com combinações diferentes de talentos e habilidades, e, nós, cristãos, podemos e devemos utilizá-los para a missão de propagação do Reino.

            Ao falar do uso de criatividade na missão, surge um questionamento relevante: “é possível usar métodos variados preservando com fidelidade a Palavra imutável de Deus?”. Existem dois termos importantes no tocante a esse assunto: forma e essência, e o apóstolo Paulo é um excelente parâmetro para entendermos melhor esse aspecto. Na primeira carta que escreveu à igreja em Corinto registrada na Bíblia, ele relata algumas maneiras como lidou com o evangelismo na sua caminhada: “Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.” (1 Co 9:19-22). Esse trecho nos revela a estratégia de Paulo na pregação do Evangelho: ele se adequava ao público que objetivava alcançar. Note que em nenhum momento o apóstolo diz que modificou os ensinamentos da Verdade para agradar os seus ouvintes; essa é a essência, a mensagem central, que jamais pode ser negociada. Por outro lado, Paulo sabia a maneira correta de se dirigir às pessoas. Ele sabia que jamais teria crédito para os judeus caso se dirigisse a eles da mesma maneira que aos sem lei, e vice-versa; essa é a forma, que deve ser moldada às particularidades dos ouvintes.

            É exatamente por essa razão que existem diferentes classes na Escola Bíblica Dominical das nossas igrejas. Já pensou se fossem utilizadas revistas de estudo escatológico para todos os irmãos? As crianças nada entenderiam. E se a música oficial dos cultos fosse “Sou uma florzinha de Jesus: abro a boquinha para cantar, fecho os olhinhos para orar […]”? A adoração, claramente, não seria efetiva. A contextualização da mensagem que passamos é essencial para que a comunicação aconteça entre quem leva e quem recebe o Evangelho.

1°: Ore – A capacitação para todas as nossas atitudes e atividades do cotidiano vem do Senhor; que diremos, então, da destreza para a disseminação das Boas Novas? Com toda a certeza procede dEle. Quebrante-se em oração e peça a Deus que ilumine a sua mente com discernimento e sabedoria na aplicação de métodos eficientes na transmissão do Evangelho e que Ele te use como instrumento em Suas mãos;

2º: Medite na Palavra de Deus – Se Deus é o criador do universo e de tudo que nele há, não existe nenhuma ciência, técnica ou conhecimento que não possamos encontrar nEle. Conheça a Bíblia e as maneiras como Deus usou outras pessoas e estratégias para espalhar a essência da mesma mensagem na extensão de toda a Palavra registrada;

3º: Entenda o seu chamado – Por vezes, somos levados a acreditar que só os enviados por uma junta de missões tomam título de “missionários”. Mas, de acordo à fala de Jesus já mencionada, todos nós, discípulos, temos a responsabilidade de formar outros discípulos dEle. Para que isso aconteça, é necessário que entendamos e conheçamos as pessoas para as quais levaremos a Mensagem. Em João 4, temos o relato de um diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana. Ela foi impactada a) porque um homem estava se dirigindo a uma mulher; b) porque um judeu estava se dirigindo a uma samaritana; c) porque Ele foi criativo ao utilizar os elementos da situação para passar uma mensagem simples do Evangelho; d) porque Ele verdadeiramente a conhecia. Jesus foi totalmente improvável; ouse ser também! Mas, antes, conheça bem o público a quem você precisa falar. Entenda a rotina, conheça as preferências, abrace os detalhes; quanto mais informações do seu ouvinte você acumular, mais material e estratégia você terá para dizer o que precisa. Passada corretamente a mensagem, muitos crerão através das vidas dos seus ouvintes, assim como muitos samaritanos creram em Jesus por causa do testemunho daquela mulher;

4º: Busque referências – O ponto chave da criatividade é a curiosidade. Como seres em santificação, conhecemos muito bem a experiência de renovarmos a nossa mente dia após dia no âmbito espiritual, mas se você deseja crescer em produtividade e conhecimento de mundo para ser mais hábil no exercício da missão, a instrução é essa: seja curioso em todos os aspectos. Caminhe em constante (re)descoberta através de livros, vídeos, inspirações em pregadores e missionários fiéis à Palavra… enfim! Vá além, busque mais, amplie os seus horizontes e remodele tudo o que absorveu para as situações da sua realidade.

 Seja o seu campo missionário na sua casa, sua universidade, seu ambiente de trabalho ou um projeto específico de missões (como o Livres), a criatividade se mostra indispensável e necessária. Lembremo-nos sempre de ajustar a nossa forma de nos expressar de maneira a torná-la acessível e compreensível a quem escuta, sem esquecer que somos carta viva de Cristo (2Co 3:3) e o que as pessoas leem em nós, esperam encontrar nEle; sejamos nós, então, firmes e fiéis à Palavra. Mas, acima de tudo, que jamais achemos que somos bons o bastante por causa das nossas técnicas ou performances criativas; somos apenas vasos de barro habitados pela presença de Deus. A nossa função na missão é comunicar a Verdade, mas o responsável por convencer o coração humano sempre foi e será o Espirito Santo. Que ansiemos pela eficácia do nosso conhecimento para a salvação de muitos como Paulo, sendo, ao mesmo tempo, tomados pelo sentimento de humildade que houve em Cristo Jesus.

Por Raquel Mangabeira, Voluntária Livres.

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA. Como Deus criou a mulher. Tradução de João Ferreira Almeida. São Paulo: Editora Vida, 2010. 1709 p. Velho Testamento e Novo Testamento.

A BÍBLIA. Jesus comissiona os discípulos. Tradução de João Ferreira Almeida. São Paulo: Editora Vida, 2010. 1709 p. Velho Testamento e Novo Testamento.

A BÍBLIA. Ministros da nova aliança. Tradução de João Ferreira Almeida. São Paulo: Editora Vida, 2010. 1709 p. Velho Testamento e Novo Testamento.

A BÍBLIA. O princípio. Tradução de João Ferreira Almeida. São Paulo: Editora Vida, 2010. 1709 p. Velho Testamento e Novo Testamento.

Bíblia João Ferreira de Almeida Corrigida Fiel (ACF) Online. Bíblia Online [s.d.]. Disponível em <https://www.bibliaonline.com.br/acf/>. Acesso em 05 de abr. de 2020.

CAMPELO, Raquel. O que é missão. Instituto Livres, 2020. Disponível em <https://institutolivres.org.br/o-que-e-missao/>. Acesso em: 05 de abr. de 2020.

Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible. Apologeta, 2019. Disponível em <https://www.apologeta.com.br/1-corintios-9/>. Acesso em: 05 de abr. de 2020.

FÁDEL, Billy. A criatividade a serviço da missão. Expositor Cristão, 2018. Disponível em <http://www.expositorcristao.com.br/a-criatividade-a-servico-da-missao>. Acesso em: 05 de abr. de 2020.

Os elementos necessários à comunicação. Alunos online, c2020. Disponível em <https://alunosonline.uol.com.br/portugues/os-elementos-necessarios-a-comunicacao.html>. Acesso em 05 de abr. de 2020.