Muitos se perguntam sobre missões, sobre quem deve ir, para onde, etc… mas a verdade é que a missão é de todos, em todo tempo, em toda circunstância, não é mesmo? Vejamos nesse relato de Gustavo Kopp o que ele descobriu em sua experiência antes e depois do campo.
Ser missionário é uma ação contínua de obediência aos princípios ensinados por Jesus. Não é somente estar em um lugar ou cultura diferente do que conhecemos, mas entender que mesmo de longe podemos agir.
Cresci em uma igreja muito influenciada por missões, desde criança as histórias missionárias me chamavam atenção. Eram mundos e realidades distantes das que vivia, mas ainda assim era fascinante ouvir como o evangelho era levado a tantas nações e culturas ao redor do mundo.
Em uma das últimas vezes que participei de uma escola bíblica de férias, como de costume, ouvi mais uma história impressionante. Se não me engano era sobre um menino chamado Madugu que aprendeu a cerca de Jesus e compartilhou sua história com outras crianças.
Ali mesmo, me ajoelhei e pedi a Deus que um dia eu pudesse participar de algo tão importante assim como compartilhar seu amor em outros lugares.
As histórias infantis tem uma linguagem cuidadosamente preparada, mesmo assim fica claro que nem sempre há somente alegrias em uma trajetória, também há trabalho e muitos desafios. Mas sempre podemos ver que os resultados aparecerão e que pessoas serão transformadas através de uma vida obediente.
A vida continuou: faculdade, trabalho, serviço na igreja local, casamento. Tudo parecia estar no lugar certo em 2014. Mas um vento soprou e mudou a direção do meu barco nos levando a águas novas.
Eu estava casado há quase dois anos, quando sentimos que era a hora de partir e viver nossa própria experiência missionária. Foi um momento desafiador, em que precisamos planejar e entender o que aquela mudança traria para as nossas vidas. O momento não parecia ser o mais adequado, meu pai estava passando por um momento muito sensível de saúde, estava se recuperando de uma tuberculose agravada por diabetes.
Como filho, eu estava vivendo uma crise de identidade. Mudar de cidade naquele momento parecia uma má ideia. Meus pais não entendiam porquê estávamos deixando nossos empregos para fazer algo que outros podiam fazer. Não entendiam, mas nos abençoaram para ir e isso foi decisivo pra nós.
Tomamos a decisão e no segundo semestre daquele ano nos mudamos para uma escola missionária. Nossa ida culminou com a melhora gradativa do meu pai, mais uma vez percebemos o cuidado de um Deus que nos surpreende sempre.
Era tudo muito diferente, mas estávamos felizes e cheios de expectativas para viver algo que há muito tempo queríamos em nossos corações.
Nossa rotina tinha aulas e estudos bíblicos pela manhã, atividades pedagógicas e serviço social na base em que morávamos ou nas comunidades carentes da região. Foram dias de aprendizado e mudança pessoal. Começamos a entender a amplitude do campo missionário e das oportunidades para quem deseja ser engajar no serviço com seus talentos.
Nós estávamos vivendo durante algumas semanas a realidade de missionárias que investiam a vida inteira naqueles lugares. Essa entrega é inspiradora e nos desafia a continuar.
Durante o tempo de estudo algumas vocações nossas foram reafirmadas e encorajadas. Impressionante como algumas vezes podemos deixar sonhos e abandonar planos por estarmos com medo ou inseguros. Mas cada experiência que vivemos ajuda na construção de quem nós nos tornaremos. Lá voltei a escrever e, acreditar que minha formação acadêmica em jornalismo, poderia ser um caminho para contribuir com o Reino de Deus.
Achei que faria missões para ajudar outras pessoas, mas eu também fui ajudado a voltar para a essência do compartilhar, do perdão e do dar. A vida missionária é marcada todos os dias pelo ato de doar. Doa-se o cuidado, os ouvidos, o tempo. Doa-se a vida em prol de outros, ainda que por um tempo. Não para tornar-se conhecido ou para se satisfazer, mas para alegrar aquele que se entregou por todos nós.
O programa teórico estava chegando ao fim e como parte do treinamento, passaríamos algumas semanas no sertão maranhense. A experiência foi única. Aprendemos que hospitalidade não tem a ver com grandes estruturas, mas sim com um grande coração.
O sertão nos recebeu de braços abertos e pudemos compartilhar um pouco do que Jesus já havia feito em nossas vidas e histórias. Cada povoado que em que estivemos nos ensinou a sermos mais parecidos com Jesus.
Falamos de amor ao ensinar sobre abuso sexual, tráfico humano, saúde bucal. O que pra nós parecia simples demonstrou ser importante.
Os dias se passaram e nossa vivência no campo missionário chegou ao fim. Apesar do amor que sentimos por cada lugar que passamos, nossa família entendeu que, até este momento, Deus estava nos direcionando para servir nossa igreja local. Desde o nosso retorno, uma frase que ouvimos muitas e muitas vezes na escola de missões se faz real nas nossas vidas: missões se fazem com os pés dos que vão, os joelhos dos que oram e as mãos dos que abençoam.
Talvez você ainda não tenha tido a oportunidade de vivenciar uma experiência missionária, mas pode ser resposta à uma necessidade através de suas orações ou ofertas. Afinal, a missão é de todos!
Autor: Gustavo Lima Kopp (Voluntário Livres)