Querido missionário, como está sua vida de oração?
A vida na missão pode ser muito agitada. As demandas aparecem uma atrás da outra, os compromissos são vários e a responsabilidade é grande.
Não apenas o tempo e o trabalho são exigidos de um ministro do evangelho, mas também suas emoções, seu vigor e sua saúde. Olhamos para o campo e é inevitável pensar que há muito a ser feito.
No entanto, é justamente a agenda da missão que pode nos afastar do Senhor da missão. Podemos facilmente cair no erro de trabalhar para Deus, mas nos esquecermos de Deus. Vivermos “pelo” evangelho, mas não “o” evangelho.
Como missionários, não podemos perder de vista qual é o início e o fim da missão. Da mesma forma que um carro que roda muitos quilômetros precisa de tempos em tempos fazer alinhamento e balanceamento, nós precisamos ser realinhados à vontade de Deus constantemente.
Há muito a ser feito, mas apenas uma coisa é necessária. Querido missionário, como está sua vida de oração?
O que é realmente necessário
As tarefas, demandas e trabalhos são importantes e não podem ser negligenciados, mas perdem seu propósito se nos tiram da presença de Deus. Existe algo muito mais importante (e melhor) do que trabalhar para o Senhor, que é estar com o Senhor.
É aos pés de Jesus, tendo comunhão com ele e ouvindo sua voz, que a missão começa. Somos salvos para uma vida de profunda intimidade e adoração, este é o cerne da nossa salvação.
O Senhor não deu sua vida apenas para ter servos, mas para chamar adoradores que adoram em espírito e em verdade. A agitação das nossas rotinas e as muitas preocupações podem sufocar essa identidade.
Antes de mais nada, precisamos estar aos pés do Mestre. Para isso ele nos deu a oração.
Oração é recompensa
Comumente se enxerga a oração como um sacrifício. Algo que deve ser feito a duras penas para se conseguir algum resultado. Precisamos ter disciplina em nossa vida de oração, mas ela não é um custo a ser pago por algo. A oração é a própria recompensa.
Muito diferente de um lugar de pena, a oração é um lugar de encontro. Quando separamos tempo para estar com Cristo, entramos no lugar mais alto e sublime que alguém pode chegar.
Este lugar, que também é chamado de lugar secreto, é um ambiente de intimidade, amor e poder de Deus. Nele somos nutridos, saciados e convidados a compartilhar dos pensamentos do Pai.
Quando os discípulos pedem para que Jesus lhes ensine a orar, ele começa sua oração da maneira mais inusitada possível. Ele diz: “Pai nosso”. Referir-se a Deus como “meu pai” não era algo comum.
Cristo estava, em sua oração, inaugurando um relacionamento de profunda intimidade com Deus e demonstrando que o Pai, por sua vez, deseja esse relacionamento com seus filhos.
Reconhecer a Deus como Pai e se relacionar com ele através da oração é contemplar sua beleza em adoração e se conformar a sua vontade. É neste lugar de intimidade que a missão começa, pois é nele que somos alinhados ao coração do Senhor.
o começo da missão
Apenas um maravilhamento com a glória de Deus pode nos mover em sua obra. Você se lembra do profeta Isaías? Ele viu o Senhor em seu trono, rodeado por adoração, e ali recebeu o seu chamado.
Pense nos Salmos onde tantas vezes o adorador fica extasiado com a glória do Senhor. E o que resulta disso? Um desejo intenso de anunciar o agir de Deus ao mundo:
“De ti vem o tema do meu louvor na grande assembleia; na presença dos que te temem cumprirei os meus votos.
Os pobres comerão até ficarem satisfeitos; aqueles que buscam o Senhor o louvarão! Que vocês tenham vida longa!
Todos os confins da terra se lembrarão e se voltarão para o Senhor, e todas as famílias das nações se prostrarão diante dele,
pois do Senhor é o reino; ele governa as nações.” Sl 22.25-28
Paulo, em sua conversão, passou três dias orando e jejuando após seu encontro com Cristo, somente depois ele foi comissionado (At 9). João estava em seu momento de oração no dia do Senhor quando teve a visão de Cristo exaltado (Apoc 1.9-11).
Poderíamos citar muitos outros, como Daniel e suas visões, Pedro na casa de Simão curtidor e toda a igreja em Atos 2. Fato é que a oração precede a missão.
É aos pés de Cristo que somos vocacionados. E é apenas através da oração que a missão avança.
A oração é o motor da missão
É impossível cumprir a missão sem estar constantemente diante de Cristo em oração. O Senhor afirmou: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Não são nossas estratégias, habilidades, recursos ou métodos que manifestam o evangelho do Reino ao mundo, é o poder de Deus através do Espírito Santo.
Apenas uma vida de comunhão com o Espírito de Deus na intimidade da oração pode nos guiar no avanço da missão. Durante toda a história, foram os crentes que investiram tempo em oração que mais contribuíram para a manifestação do Reino em suas gerações.
A começar no exemplo do próprio Cristo. Jesus era alguém que vivia em oração. Por diversas vezes nos evangelhos ele se retirava para orar e passava longos períodos diante do Pai. Se o Senhor entendia a necessidade da oração para seu ministério, como nós podemos negligenciá-la?
Os discípulos seguiram o exemplo do Mestre. O Novo Testamento apresenta os apóstolos como homens dedicados à oração. Não são poucas vezes no livro de Atos que a igreja é movida pelo Espírito enquanto ora.
Fora do texto bíblico, temos grandes figuras como George Muller, C. H. Spurgeon e John Wesley. Todos eles trabalharam arduamente na obra de Deus sem jamais negligenciar seu tempo com Ele. Certamente foram tão frutíferos justamente por conta de seu tempo dedicado aos pés de Cristo.
É uma grande contradição dizer: “não podemos apenas orar, temos que agir”. Nos enganamos ao pensar que nossas orações movem apenas o Senhor, elas, na verdade, nos movem ao nos conformar a mente de Cristo.
A única forma de não sermos soterrados pela rotina de nossas vidas e a apertada agenda do ministério é através de uma vida constante aos pés do Senhor. Quanto mais trabalhamos, mais precisamos orar.
A missão termina em oração
O cumprimento da Grande Comissão é comemorado em Apocalipse com uma reunião de oração e adoração:
Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra”. Apocalipse 5.9 e10
O cerne do nosso chamamento é a contemplação da glória de Deus na face de Cristo. No cumprimento da missão, convidamos pessoas de toda tribo, povo, língua e nação para adorar ao Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É um convite à presença de Deus.
Oração e adoração são o fim da missão. Nosso clamor diante de Deus é: Que todos os povos te louvem. Onde o evangelho é pregado, ali há adoração. Onde há um povo que ora e adora, existe a manifestação de Deus sarando a terra.
O Senhor nos chama para um lugar de encontro na oração. Ali somos vocacionados, restaurados e movidos. É na presença de Deus que a missão começa, se desenvolve e termina. Na oração recebemos a melhor parte.
Antes de mais nada, ore.
Por Leonardo Vieira – Missionário do Livres
O Livres atua em missões contínuas e de curto prazo no sertão Piauí a fim de que muitas vidas sejam alcançadas, transformadas pelo conhecimento do profundo amor de Deus por suas vidas. Faça parte do avanço do evangelho no sertão, clique aqui.