Histórias do sertão: Conheci um homem muito rico!
Estávamos fazendo visitas às casas da área urbana de Paulistana, em um bairro chamado Alto Vistoso. Esse bairro é considerado um dos mais carentes da região e essa consideração não é à toa. Ele fica localizado em um dos extremos da cidade, na beira da BR 407, e é banhado pelo vasto açude que abastece o local. Nas ruas de pedra e barro estão as casas lado a lado. Em sua maioria, com as portas dando acesso direto a rua, sem portões ou calçadas, como estamos acostumados em São Paulo.
Em Paulistana, como em tantas cidades do interior, os moradores costumam sentar-se em cadeiras de nylon colorido em frente de suas casas, aproveitando assim a brisa providencial que alivia o forte clima nordestino. Não havia muitas cadeiras para fora em Alto Vistoso neste dia.
Algumas crianças brincavam na rua, mas, em sua maioria, as portas estavam fechadas. Talvez fosse o horário, onde comumente cada um cuida dos seus próprios afazeres no trabalho, na cidade ou na roça. Mesmo assim, visitamos três casas, cada qual com sua própria característica e história.
A primeira era a moradia de um senhor solícito e muito interessado nas coisas de Deus, que foi anunciado pela sua esposa nos seguintes termos: “esse aí é quase evangélico”.
A segunda, de uma senhora muito sorridente e divertida, dona de um verdadeiro jardim com todo tipo de flor, erva e fruto, ainda que em um espaço bastante pequeno. O povo daqui tem o dom de usar a terra fértil ao seu favor e faz colher dela de tudo um pouco.
No entanto, foi a terceira e última visita que mais me chamou a atenção. Fomos à casa de um homem verdadeiramente rico.
o hOMEM RICO!
Sua casa não fazia parte do nosso roteiro. Mas ele, com seu menino loirinho de cabelos cacheados no colo, veio até o carro e pediu uma visita para nossa destemida e amorosa voluntária local, Arlete, que brincamos ser a mulher mais conhecida de toda Paulistana. Assim, tomamos o rumo de sua casa e conhecemos sua esposa e filhos.
Eram dois cômodos divididos por tecidos. Sem mobília ou televisão, apenas uma caixa d’Água, algumas cadeiras e um rádio. O menino loirinho, que agora repousava no colo da mãe, tinha o nome de dois profetas do Antigo Testamento. Sua mãe nos falava orgulhosa sobre como ele amava ir à igreja. Ele não tirou os olhos de nós nem por um instante durante toda a visita.
O homem da casa sorria e não reclamava de sua situação, do país ou do seu passado. Segundo ele, só tinha motivos para agradecer, pois o Senhor, seu Deus, cuidava dele e de sua família.
Diferente de tudo o que o mundo espera, ali, diante de nós, estava um homem rico.
Ele, em sua simplicidade, sem formação acadêmica, certificados ou títulos, possui em si o Espírito do Deus todo poderoso que lhe dá discernimento de coisas que não foram reveladas aos sábios, PhD’s e filósofos deste mundo (1 Co 2.8-10). Sobre ele estão as bênçãos dos patriarcas e as promessas do povo de Deus que lhe falam sobre herdar a terra e, com Cristo, reinar sobre ela (Mt 5.5).
Dentro do seu peito está a vida eterna e flui do seu interior uma fonte de águas vivas (Jo 4.13-14). Ele renasceu do Espírito e não da carne e sentará à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Dia do Senhor (Jo 3.5-8; Mt 8.11).
Quando Cristo voltar, ele, sua esposa e seus filhos, estarão à sua direita e serão chamados de “benditos de meu Pai” (Mt 25.34). Ele receberá vestes brancas e comerá das bodas do cordeiro (Ap 7.9; 19.7-8). Andará nas ruas de ouro da Nova Jerusalém e verá a Árvore da Vida na cidade de Deus (Ap 22.2). Seu menino conhecerá os profetas cujo nome ele herdou e habitará eternamente na cidade onde Jesus é a luz e o centro (Ap 22.5).
Sua morada está sendo preparada pelo próprio Deus e não será feita de tijolos ou de barro (Jo 14.3). Ele estará em paz para sempre e se fartará do prazer eterno à destra do Filho de Deus (Sl 16.11). Já hoje ele é mais que vencedor (Rm 8.37) e embaixador do Reino de Deus na terra (2 Co 5.20). É filho do Deus altíssimo e porção do Senhor; recompensa do sacrifício de Jesus na cruz do calvário (Ap 5.9).
Ele é o mais rico dos homens. Por isso pode sorrir e saber que Deus cuida dele e de sua família.
Os bilionários podem possuir suas ações, carros e mansões, mas nada além daquilo que o dinheiro pode comprar. É uma pena, pois nenhuma das riquezas que aquele homem que conheci tem, estão disponíveis para aquisição no mercado.
Em breve, tudo o que os grandes deste mundo possuem não terão valor algum. A traça irá corroer, o ladrão roubará e a ferrugem destruirá. Mas a herança daquele pai de família jamais passará.
Ele é rico, e ninguém pode lhe dizer o contrário.
“Mas, agora, desejam uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porque lhes preparou uma cidade.” – Hebreus 11.16
Por Leonardo Vieira, missionário do Livres.
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